30 de outubro de 2019

Super-heróis comparecem ao Papo de Boteco

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Como estão os super-heróis nos dias de hoje, foi o tema da palestra do professor e especialista Cesar Belardi.

Os super-heróis desceram do pedestal. Embora continem com superpoderes, fazendo coisas que um mero ser humano comum não faz, eles se humanizaram e agem como qualquer um de nós. Tem dúvidas, incertezas, desejos, se aborrecem e, principalmente, se apaixonam.

Estes e outros aspectos interessantes da figura dos super-heróis no mundo de hoje foram abordados pelo professor e especialista no tema Cesar Belardi. Ele esteve presente no último Papo de Boteco, no dia 7 de outubro,   realizado pela Galatica Educação & Cultura, no restaurante Sujinho, falando sobre E os Herois, onde estão?

Uma coisa é certa: criados nos anos 30, como personagens de histórias em quadrinhos, os super-heróis  continuam mais populares que nunca. Na era dos efeitos especiais criados em computador, dominam a produção de filmes e séries de Hollywwod, com pelos menos quatro grandes lançamentos anuais que lotam as salas de cinema.

O espectador de hoje mudou. O leitor de histórias em quadrinhos também. Mas continuam fascinados pela figura desses seres superiores que se superam em coisas que nós não fazemos. Na verdade, os super-heróis se humanizaram tanto que a linha divisória entre o mocinho justiceiro e o vilão está cada vez mais tênue. Eles, chegam, inclusive, a brigar entre si e não representam apenas o cidadão branco comum, da classe média.

Quando foram criados, nos anos 30, eram os grandes defensores do bem e da justiça. Porém, defensores dos valores ideologicos, éticos e morais da sociedade dos Estados Unidos daquele tempo. Por isso, foram usados na luta contra o fascimo e o comunismo. Além disso, os super-heróis foram vítimas de barreiras impostas pela censura.

Em seu livro A Sedução do Inocente, lançado em 1954, o psiquiatra alemão Fredric Wertham alertou os leitores sobre a tese das revistas em quadrinhos serem um forma ruim de literatura popular e um sério fator da delinquência juvenil. Ele acusou os comics de manipularem as crianças e jovens daquela época. O resultado foi a criação do Comic Code Authority, o código de censura dos quadrinhos e a falência da E.C. Comics, na época a mais relevante editora de quadrinhos dos Estados Unidos, especializada em histórias policiais e de terror.

Ou seja, a partir do código, os editores passaram a regular o conteúdo do setor e a se autocensurarem. Porém, em 1963, surgem os comics X-Men, com super-heróis mutantes de diversas etnias. Nessas histórias, os autores conseguem abordar temas mais sérios como racismo, xenofobia, sexualidade e outros.

Aqui no Brasil também foram criados super-heróis que refletem os valores da população do país. O primeiro super-herói brasileiro foi criado nos ano 50 para uma série da TV Record. O criador do Capitão 7 foi também o ator que o interpretou: Ayres Campos. Mais tarde, o super-herói passaria da televisão para os quadrinhos com a editora Continental.

Por sua vez, o Doutrinador é uma espécie de vigilante que caça empresários e políticos corruptos no Brasil, além de criminosos. Ele faz justiça com as próprias mãos, o que é bastante questionável. Porém, reflete o Brasil de hoje, como seus problemas de corrupção e violência. Criado pelo quadrinista brasileiro Luciano Cunha, o anti-herói é algo entre o V, de V de Vingança e o Justiceiro. Essa história em quadrinhos foi adaptada como uma série para a televisão.

De acordo com Cesar Belardi, a humanização dos super-heróis passa por três pontos importantes: credibilidade, veracidade e superação da descrença: precisamos acreditar para entendê-los. Isso é básico: todos acreditam e ninguém questiona os poderes dos super-heróis, embora possam questionam algumas de suas atitudes. Portanto, eles são julgados por suas outras ações, mais humanizadas.

O primeiro super-herói, o super-man (super-homem), foi criado em 1938. Portanto, há exatos 81 anos. A partir daí surgiram e continuam surgindo inúmeros outros.  Eles continuam firmes e fortes, encantando o imaginário de várias gerações. Por isso, é de se supor que, com certeza, os super-heróis ainda têm uma longa vida pela frente.

O Papo de Boteco é uma criação da Galatica Educação & Cultura. O conceito é de um happy hour para a mente, com a proposta de por novas ideias na cabeça e provar que é possível ter uma conversa de conteúdo num ambiente descontraído, fora dos meios acadêmicos.

 

Realizado desde o início de 2019, o Papo de Boteco agora tem como local de reunião o tradicional Restaurante Sujinho. Com seu nome irreverente, o Sujinho segue com uma história  de mais de 50 anos. O clima descontraído, o ambiente aconchegante e uma comidinha simples, mas com sabor da casa da mamãe, reforçam suas tradições.