19 de junho de 2023

ECONOMIA PRATEADA: CONHEÇA O PODER DOS CONSUMIDORES COM MAIS DE 50 ANOS.

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A economia prateada é um conceito que surgiu
recentemente, devido à importância que o consumidor com
mais de 50 anos vem ganhando no mundo. A economia prateada
— o termo refere-se ao grisalho dos cabelos das pessoas dessa
faixa etária — é definida da seguinte maneira pela União
Europeia: “é a parte da economia que é relevante para as
necessidades e demandas dos idosos.”
Também conhecida como economia da longevidade, ela é a
soma de todas as atividades econômicas que atendem as
necessidades de pessoas com 50 anos ou mais, incluindo os
produtos e serviços adquiridos por eles e a consequente atividade
econômica que esses gastos geram.
A população de pessoas com 50 anos ou mais é crescente
no Brasil e no mundo e apresenta hábitos de consumo bem
definidos. Se o seu negócio não está adaptado para atender ao
público com mais de 50 anos, é hora de se atualizar. Afinal, o
consumo de produtos e serviços por pessoas dessa faixa etária é
responsável por movimentar R$ 2 trilhões por ano no Brasil, de
acordo com a consultoria Data8.
Esse público responde por 23% do consumo de bens e
serviços, com uma renda anual estimada em R$ 940 bilhões. Até
2031 o número de idosos deve ultrapassar o de jovens no Brasil,
de acordo com uma estimativa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Esse é só um dos motivos para
que as empresas invistam em economia prateada.
No Brasil, esse mercado atinge 54 milhões de pessoas, de
acordo com dados do Instituto Locomotiva. Dados da Fundação

Getúlio Vargas (FGV) indicam que pessoas com mais de 65 anos
compõem 17% da faixa dos 5% mais ricos do Brasil. Uma
pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) identificou
ainda que 41% dos idosos gastam mais com produtos de desejo
do que com itens de necessidade básica, sendo que para 66%,
aproveitar a vida é a grande prioridade.

ESTES SÃO OS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA
PRATEADA

INCLUSÃO E PARTICIPAÇÃO — a economia prateada busca
promover a inclusão social e econômica dos idosos, reconhecendo
eles como agentes ativos na sociedade. Isso envolve garantir que
essa população tenha acesso a oportunidades, serviços e recursos
necessários para se envolver plenamente na economia e na
comunidade.

AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA — a proposta de
trabalhar com esse nicho é, também, valorizar a autonomia e a
independência dos idosos, buscando desenvolver produtos e
serviços que permitam que eles vivam de forma autossuficiente,
mantendo sua qualidade de vida.

ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E ATIVO — a promoção
de um envelhecimento saudável e ativo é um princípio-chave da
economia prateada. Isso envolve o incentivo a estilos de vida
saudáveis, a oferta de serviços de saúde adequados, a
disponibilidade de atividades físicas e intelectuais.

ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DIGITAL — a economia
prateada reconhece a importância da acessibilidade e da inclusão
digital para garantir que os idosos possam se beneficiar das
inovações tecnológicas e participar plenamente da economia
digital. Isso implica em tornar os produtos e serviços tecnológicos

adequados às necessidades e habilidades dos idosos, bem como
em proporcionar treinamento e suporte adequados.

RESPEITO À DIVERSIDADE E ÀS NECESSIDADES
INDIVIDUAIS — valorizar a diversidade e reconhecer que cada
indivíduo idoso possui necessidades, preferências e características
diferentes pode ser um dos princípios. Portanto, é essencial
oferecer uma variedade de opções e soluções personalizadas para
atender às demandas e preferências individuais.

PRECONCEITO E OPORTUNIDADES
Embora os idosos sejam consumidores com bom poder
aquisitivo, esse segmento da economia ainda é ignorado no Brasil
pela maior parte dos comerciantes e prestadores de serviços.
Embora os mais velhos sejam ativos e estejam presentes na
internet, as marcas e empresários preferem focar suas estratégias
comerciais nos consumidores mais jovens, perdendo
oportunidades de atender a um público com hábitos estabelecidos
e bom poder de compra.
Caso o seu negócio não esteja adaptado para atender o
público com mais de 50 anos, você pode estar perdendo uma
grande oportunidade. Considerando o envelhecimento
populacional, o potencial desses consumidores tende a só
aumentar. Entretanto, ainda são poucas as soluções e marcas
voltadas para eles. O nosso país é marcado por um forte estigma
social que faz com que o público senior não seja priorizado pelas
marcas brasileiras.
Mesmo que as pessoas maduras sejam ativas e cada vez
mais digitais, grande parte das marcas voltam suas estratégias
comerciais exclusivamente para os consumidores mais jovens —
com o foco na geração Z crescendo aceleradamente. Como
resultado, o público 50+ não está sendo bem atendido. Uma

pesquisa da agência FleishmanHillard revela que 65% dos idosos
acreditam que as marcas não estão adaptadas para atender às suas
necessidades. Além disso, 52% afirmam ter dificuldades para
encontrar produtos que sejam do seu desejo no mercado.
Na verdade, a economia prateada é um grande mercado em
potencial no Brasil, apresentando diversas oportunidades para
quem decidir explorá-lo. Além do crescimento da população 50+,
vale destacar o maior poder aquisitivo desse público. Segundo a
Fundação Getúlio Vargas (FGV), aqueles com mais de 65 anos
compõem 17% da faixa dos 5% mais ricos do Brasil.
Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC)
identificou que 41% dos idosos gastam mais com produtos de
desejo do que com itens de necessidade básica, sendo que, para
66%, aproveitar a vida é a sua grande prioridade.
Dessa maneira, considerando que 52% dos idosos não são
fiéis a nenhuma marca, as lojas que focarem nesse público podem
ter um importante diferencial competitivo nos próximos anos — o
dado é de um estudo da PipeSocial e da Hype60+.

COMO VENDER PARA OS CONSUMIDORES 50+?
Veja aqui algumas dicas de como adaptar o seu negócio para
esse importante mercado dos consumidores seniores.

SEGMENTE O SEU PÚBLICO — é um erro pensar que os
consumidores com mais de 50 anos são todos iguais e tratar esse
público com um só e generalizar suas necessidades e preferências.
Para atender aos desejos e necessidades desses clientes, é preciso
fazer segmentações, delimitar o seu público-alvo e, então, buscar
conhecê-lo a fundo. Uma dica é realizar pesquisas e entrevistas
diretamente com indivíduos do seu grupo-consumidor, para
identificar os seus desafios, interesses, hábitos e valores. Esse
direcionamento é essencial para ter sucesso na economia prateada.

FUJA DOS ESTEREÓTIPOS — é preciso deixar de lado o
estigma social em relação às pessoas mais velhas. Para isso, o
primeiro passo é fugir de estereótipos, como a representação de
idosos fragilizados, ranzinzas ou sendo ajudados por pessoas mais
jovens. Nesse sentido, é fundamental utilizar imagens de pessoas
reais, que realmente representem o seu público-alvo, nas
campanhas publicitárias. Ao se reconhecerem nas ações de
marketing, os consumidores terão muito mais chances de se
identificar com a marca e querer conhecê-la melhor.

ADAPTE SUAS COMUNICAÇÕES — faça uma adaptação do
desenho da sua comunicação para esse público. Para facilitar a
leitura, vale usar fontes maiores e cores contrastantes, por
exemplo. No e-commerce, o ideal é deixar a jornada de compra o
mais simples possível, para que o cliente consiga finalizar o seu
pedido em poucos cliques.
Nesse sentido, também é recomendado utilizar uma linguagem
mais objetiva. Outra tecnologia que tem sido muito utilizada pelos
idosos são os assistentes de voz, como Alexa e Google Home, que
oferecem mais interatividade e simplicidade de uso para os
usuários. Também é interessante adaptar as lojas virtuais para o
voice commerce, ou seja, as compras por voz.

LEMBRE-SE DE QUE ESTÃO NA INTERNET — esse grupo
tem aderido cada vez mais ao universo digital — movimento que
foi acelerado ainda mais pela pandemia. De acordo com o estudo
da Data8, 95% dos usuários com 60+ possuem um smartphone e
31% conhecem novas marcas por meio das redes sociais. Além
disso, 58% navegam por e-commerces, segundo a pesquisa da
PipeSocial. Sendo assim, a economia prateada traz grandes
oportunidades não somente para o varejo físico, mas também para
o comércio eletrônico brasileiro.

CONEXÃO DIGITAL E COMPRAS ONLINE — cada vez
mais conectados, os maduros invadiram definitivamente a internet
e vêm despertando interesse de empresas com e-commerce em
todo mundo. Pesquisas mostram que dois terços dos
consumidores latinos da geração prateada consumiram produtos
vendidos pela internet no último ano. Entre os produtos mais
comprados em todos os países estão eletrônicos (38,4%),
remédios e medicamentos (34,2%), alimentos e bebidas (33,7%),
roupas e acessórios (33,2%), eletrodomésticos e utensílios para a
casa (32,1%).

MAIS EXIGENTES E EM BUSCA DA SATISFAÇÃO — os
idosos têm mudado suas prioridades de consumo com o passar do
tempo e 41% deles afirmam gastar mais com produtos que
desejam do que com itens relacionados a necessidades básicas da
casa. Aproveitar a vida é considerado, por 66%, como a grande
prioridade.
Nesse mesmo sentido, para 49% dos idosos ouvidos, ao chegar na
terceira idade, aproveitar as oportunidades do consumo é mais
importante do que poupar. Os principais fatores que determinam a
compra pela terceira idade são atendimento, conforto, localização
e condições especiais de pagamento.
Embora representem um nicho promissor, o mercado brasileiro
parece não estar plenamente preparado para atender às demandas
desses consumidores. Pelo menos 45% dos entrevistados
afirmaram enfrentar dificuldades para encontrar produtos
destinados ao público da sua idade. Essa impressão é mais notada
pelas mulheres (47%) e pelas pessoas entre 70 e 75 anos (51%).

ATENDIMENTO HUMANIZADO — na percepção dos
consumidores da terceira idade, os estabelecimentos pecam no
fator humano do atendimento. Entre as críticas, destacam-se: a
falta de interesse e entusiasmo na venda; a falta de empatia e

acolhimento ao cliente; a falta de espaço para agregar valor
humano ao momento da compra; funcionários aproveitam pouco
os diferenciais das marcas; atendentes não olham para o cliente,
não fazem um cumprimento e não sorriem.

 

Autor: Milton Correia Junior – Jornalista e redator.