16 de março de 2022

INFLAÇÃO: COMO REDUZIR OS EFEITOS NO SEU NEGÓCIO.

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Autor: Milton Correia Junior. Jornalista e redator.

A guerra na Ucrânia acelerou ainda mais a inflação no Brasil, que já vinha em alta. Os micro e o pequenos empresários já perceberam os efeitos da inflação no seu negócio.

Os aumentos de preços das contas de luz, de água, de gás, os reajustes nos valores dos combustíveis, a alta do custo da alimentação e dos aluguéis pressionam os custos de produtos e serviços.

Por isso, o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas lançou uma cartilha com sugestões de como os empresários podem controlar os gatos, buscarem formas de driblar alguns reajustes e, ainda, como evitar repassar os custos para os clientes, com risco de perder vendas.

Veja estas dicas do Sebrae para os pequenos e microempresários lidarem com o aumento dos preços.

CONTROLE SEUS GASTOS – um controle cuidadoso e detalhado dos seus gastos é super importante para saber onde, exatamente, diminuir as despesas.

SAIBA NEGOCIAR – ao negociar bem as compras de matérias-primas para seus produtos, assim como os contratos com clientes e fornecedores, o empreendedor sai ganhando. É preciso bastante jogo de cintura para negociar com fornecedores, controlar gastos e diminuir o repasse do aumento dos custos para seus clientes, os quais também sofrem com a alta de preços.

ANALISE A SITUAÇÃO DA EMPRESA – uma análise criteriosa da empresa permite ao empreendedor fazer melhores negociações. Assim, consegue negociar dívidas, preços com fornecedores, aluguéis, taxas e financiamentos com instituições financeiras e o que mais pesar no orçamento da empresa.

ATENÇÃO À INFLAÇÃO – fique atento aos indicadores da inflação. Também é importante prestar atenção em tendências do mercado para estimar melhor os custos, receitas no futuro e evitar o repasse de custos ao consumidor.

ANALISE BEM SEUS INVESTIMENTOS – como a economia ainda está se recuperando e o cenário é de incertezas para o empreendedores, é necessário planejar bem onde investir. Tenha em consideração que os investimentos têm um prazo de maturação para que passem a dar retorno.

PRIORIZE OS CUSTOS – coloque os custos em ordem de prioridade. A gestão financeira e o fluxo de caixa devem ser feitos com muita atenção. Isso ajudará o empreendedor a conhecer a sua real situação e a elaborar estratégias para evitar, quando possível, os repasses ao consumidor.

SEPARE O CUSTO DA DESPESA  – é preciso separar o que é custo e despesa. O custo está ligado à venda. Ou seja, é o valor de aquisição dos produtos que revende ou das matérias-primas que se utiliza para produção, frete, tributos, comissões de vendas entre outros. Dessa forma, o empresário precisa ver o que ele pode fazer, internamente, para reduzir o custo da operação. Deve procurar comprar mais barato, pesquisando outros fornecedores, por exemplo.

O QUE É DESPESA –  a despesa está relacionada à manutenção do negócio. Por exemplo, contas de energia, material de escritório, de limpeza, aluguel, pró-labore dos sócios etc. O empresário também precisa fazer o dever de casa com relação às despesas, a fim de diminuir o desembolso. Deve verificar, assim, o que pode não só reduzir, mas também retirar, devido aos aumentos por conta da inflação. Desse modo, ele vai contribuir para continuar praticando os mesmos preços de venda de seus produtos e serviços no mercado. Aumentar preço é um risco muito grande de perda de faturamento.

CICLO FINANCEIRO DA EMPRESA – boa gestão pode mitigar os efeitos da inflação. Do lado do ativo, há as contas a receber e o estoque. Em relação à contas a receber, se você dá muito prazo para os seus clientes, obviamente você vai perder. É natural, porque, com o tempo, o poder aquisitivo daquele valor vai ser comido pela inflação. Já no que diz respeito aos estoques, há um problema que é o custo de reposição. Se o empresário não tiver um volume de estoque adequado, sempre que tiver que comprar novamente, vai acabar tendo que repassar isso para os preços, o que não é bom. Isso faz com que a empresa perca clientes, pois a renda dos clientes não obedece a mesma trajetória dos aumentos desses preços.

FAÇA UMA GESTÃO DOS ESTOQUES –  não é bom ter muito estoque, porque o custo de manutenção é caro. Entretanto é fundamental manter ou buscar um nível de estoques para que a empresa se proteja com relação às altas de preços de produtos e matérias-primas. Assim terá preços competitivos junto aos seus clientes. Mas é preciso ficar atento para a quantidade certa de estoque para se trabalhar a fim de não imobilizar mais capital do que o necessário.  Uma boa opção é ter no máximo 45 dias de estoque, pois isso dá uma boa margem de segurança no abastecimento.

CUIDE DO PASSIVO – temos aí o contas a pagar. Nesse sentido, o empreendedor tem que buscar junto aos seus fornecedores mais prazo. Ou seja, ele, por um lado, tem que comprar mais estoques para se proteger da alta dos preços; e, por outro, buscar mais prazo, pois com mais prazo acaba não se onerando tanto os custos, enquanto as vendas vão acontecendo. Há também a questão dos estoques que sofrem influência dos preços internacionais, que mexem com o câmbio.

FOLHA DE PAGAMENTO – há também a despesa de folha de pagamento. Neste momento de inflação em alta,  pode vir uma pressão para o aumento do custo com pessoal e contratos de prestação de serviços. Por isso é importante se antecipar a esses aumentos extras fazendo um estudo e simulações.

AUMENTO DO GIRO É UMA SAÍDA – é importante traçar uma estratégia para tornar a empresa mais conhecida no mercado e vender mais, aumentando, por sua vez, o giro do negócio. Além de estar atento aos custos e despesas, o empreendedor deve procurar sempre aumentar o giro do seu negócio. Uma alternativa é elevar o mix de produtos com o intuito de vender para clientes que até então a empresa não atendia. Até porque, quanto mais uma empresa vende, aumentando a sua margem de contribuição, ou seja, a diferença entre o preço de venda e os custos, mais recursos ela vai ter para pagar pelas contas, tanto vencidas como a vencer.

REEDUCAÇÃO FINANCEIRA – os empresários muitas vezes avaliam as suas retiradas pelo faturamento. Mas isso não é correto. Primeiramente, ele tem que considerar todos os custos e despesas, para só então ver o que sobra para poder pensar na parte que lhe cabe. Para dar mais fôlego para a empresa nesse momento de dificuldades, o empreendedor também precisa de uma reeducação financeira pessoal, reduzindo as suas despesas para, assim, diminuir seu pró-labore e ajudar o seu negócio.