3 de junho de 2019

Papo de Boteco traz debate sobre “As Pragas”

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Nova obra literária do escritor e jornalista Marco Moretti aborda sobre a missão Vera Cruz, reduto de índios, vítimas de assédio

 

“Cada um escreve aquilo que a alma diz”, começa Marco Moretti, nessa segunda-feira (27 de maio), na lanchonete Satisfatto Bistrô, situada no 2º andar da Galeria Metrópole, próximo à estação República.

 

O público – jovens e estudantes – escutava o professor, escritor e jornalista Marco Moretti descrever sobre as etapas de começar um novo livro. “Você começa a escrever quando você sente uma raiva, uma raiva positiva, e isso é um combustível”, diz. O escritor, segundo Moretti, precisa incomodar e fazer o leitor questionar.

 

As Pragas

Moretti, em seu terceiro livro, expôs a sua nova obra, “As Pragas”, que será lançada em setembro. A obra se encaixa na linha dos romances de fantasia histórica. O fantástico e o bizarro, o sobrenatural e o surreal, o mistério das tramas policiais e o suspense, a aventura épica pura e simples, tudo isso está presente em suas páginas.

 

“Em todos os meus livros, há uma busca pelo paraíso, pelo bom”, afirma, “nós queremos o melhor, é algo humano, mas às vezes isso pode ser artificial e pode destruir vidas”, completa. Vera Cruz, reduto de índios recolhidos e protegidos pelos padres jesuítas e vítimas de assédio – principalmente cultural – é tema do livro.

 

Em Vera Cruz, acontecimentos estranhos e incidentes assustadores tiveram lugar quando sete pragas terríveis assolaram os seus habitantes, ao mesmo tempo em que resistiam a um cerco de soldados paulistas. Irmã Consuelo, uma jovem e obstinada freira, se impõe o desafio de decifrar o mistério e parte para uma viagem até a missão perdida, acompanhada por um único sobrevivente.

 

Estudos

Para obra ter um começo, meio e fim, Marco Moretti necessitou estudar e se questionar. Para ser um escritor, o questionamento é uma das partes mais importantes. “Foram livros, viagens e conversas para entender sobre a história e os assédios sofridos pelos indígenas. Eu cresci com obra”, reflete.

 

O autor, entre uma viagem e outra, foi para fronteira do Brasil com a Argentina e pesquisou sobre o local onde os jesuítas doutrinavam os indígenas. Em um trailer, ele mostra o local. Confira abaixo.

 

Para quem ainda não viu, segue de novo o segundo trailer do meu novo livro. Com a locução do meu aluno Rafael Assunção. O lançamento será no segundo semestre.

Publicado por Arca do Moretti em Domingo, 19 de maio de 2019

 

“A história precisa ser entendida para criarmos uma ficção, e isso é intrigante. O meu objetivo é fazer os leitores pensarem e entrarem na história de Vera Cruz”, afirma.

 

As Pragas brasileiras

Segundo o autor, As Pragas é uma reflexão a respeito do Brasil de hoje e a sua atual crise política e social. Vera Cruz é o ponto imaginário do Brasil. “É indiscutível: atualmente, estamos passando pelo inferno. O meu novo livro traz o debate sobre a busca de um paraíso, que acaba se tornando artificial. No Brasil, não está sendo diferente”, expõe sua opinião.

 

A busca pelo paraíso, segundo o autor, não se encontra em lugares, mas “dentro de você”. As Pragas é o reflexo do momento político brasileiro.

 

Ser escritor

“A alma fala e eu escrevo”, brinca o autor, entretanto, sendo uma verdade. Franz Kafka é um exemplo. O escritor de língua alemã teve uma vida triste: detestava o seu trabalho e os problemas com a família, principalmente com o seu pai, eram constantes. Esses fatores impactaram tanto a sua vida que ele começou a escrever sobre a sua insatisfação pessoal.

 

Moretti, insatisfeito com a questão política e social, busca o questionamento para começar a escrever. “90% da minha vida são dúvidas e isso me move a escrever”, afirma.

 

“Nós, escritores, queremos mudar o mundo através da arte. Eu escrevo e tento mudar o nosso mundo”