24 de abril de 2023

Afinal, os salários devem ou não serem divulgados no anúncio de vagas de emprego?

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Especialista levanta polêmica sobre questão que costuma irritar os profissionais que buscam emprego.

Uma reclamação comum da maioria dos candidatos que buscam uma vaga de emprego é o fato de que algumas empresas não divulgam o salário oferecido quando anunciam uma posição em aberto em seu quadro de colaboradores. A questão é polêmica e divide opiniões quando o tema é levantado entre profissionais da área de Recursos Humanos. Para Caio Infante, vice-presidente regional (LATAM) da Radancy e um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, a informação é fundamental e deve ser divulgada pelos recrutadores, sim! “Os candidatos a vagas de emprego esperam cada vez mais transparência por parte das empresas, o que inclui não só a divulgação do valor oferecido logo no começo do processo seletivo, mas, também, muita verdade nas promessas de plano de carreira profissional, nas ações de diversidade, no modelo de trabalho proposto e, também, no estilo de liderança ao qual ele será submetido no dia a dia”, afirma Caio.

A opinião do especialista é respaldada por uma pesquisa recente realizada pela Employer Branding Brasil que mostra que 67% dos profissionais gostariam de saber o salário de uma vaga antes mesmo de se candidatar a ela. Outros 20% aceitam que o valor seja aberto logo após sua candidatura e mais 12% aceitam que seja em qualquer momento do processo de seleção, mesmo que depois de algumas fases. “Na nossa pesquisa, apenas 2% dos profissionais afirmaram que não se incomodam em saber quanto irão ganhar apenas no final da contratação. Quando pensamos na jornada de candidato, uma das maiores reclamações é a falta de transparência em quanto paga a vaga. É muito frustrante para o profissional lidar com processos seletivos extensos e formulários e testes quase infinitos para somente depois de horas ou dias de resiliência descobrirem, por exemplo, que o salário está muito abaixo do que esperavam”, explica Caio.

A pesquisa realizada pela EBB mostra que quando uma empresa é conhecida, 59% dos candidatos até continuam no processo sem saber o salário, mas 20%, por exemplo, desconfia das práticas da empresa que comete este erro independentemente de ser conhecida.

E nessa história não é só o profissional quem perde – a marca perde, comprometendo sua reputação. A dica de ouro do especialista para os RHs neste sentido é proatividade. A pesquisa mostra que para a maioria dos RHs, o salário é escondido no anúncio da vaga por conta da concorrência. “Dá trabalho mudar cultura e convencer pessoas a fazerem diferente, mas não espere você virar um candidato para viver na pele o que milhões de candidatos passam todos os anos. Mais que uma pretensão que tem cara de leilão de salário, coloque, minimamente, uma faixa salarial para orientar e filtrar candidatos na largada. Toda vaga tem um orçamento pré-aprovado e a busca do melhor custo x benefício sempre é flexível com relação a este quesito”, alerta o especialista.

Nos EUA e na Europa, a polêmica está prestes a acabar. Segundo Caio Infante, já existem conversas adiantadas nos dois locais para a criação de uma lei que exige que toda vaga de emprego divulgada aborde a questão salarial, nem que seja uma previsão aproximada de valor. “Tanto nos EUA como na Europa o assunto está adiantado, pois lá o mercado já entendeu que a questão de equidade de pagamentos é muito importante. Homens e mulheres devem ganhar o mesmo valor e com essa nova lei isso fica transparente para os candidatos”, finaliza Caio.

Sobre Caio Infante

Caio Infante é formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM e possui MBA em Gestão Internacional pela University of Technology, em Sidney, na Austrália. Com carreira profissional desenvolvida na área de Negócios em agências de propaganda do País e do exterior, atuou, também, no site Trabalhando.com como diretor Comercial e de Marketing, chegando a Country Manager da operação. Desde o início de 2017, Caio está na Radancy, onde seu conhecimento sobre marca empregadora cresceu exponencialmente. Hoje, ocupa o cargo de vice-presidente regional da agência, mantendo contato com alguns dos maiores nomes mundiais do tema.

Caio Infante também é um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, a maior comunidade sobre marcas empregadoras, com mais de 40 mil seguidores nas redes sociais.