24 de abril de 2023

MARKETING DO FUTURO: ENTENDA AS PRINCIPAIS MUDANÇAS QUE IRÃO OCORRER NA DIVULGAÇÃO DE MARCAS, PRODUTOS E SERVIÇOS.

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Autor: Milton Correia Junior – Jornalista e redator.

A maneira como marcas, produtos e serviços serão divulgados para o consumidor final deverá passar por grandes transformações num futuro bem próximo. Devido a uma série de fatores, como mudanças na mentalidade, desejos e necessidades do consumidor, dos seus hábitos de consumo e o avanço da tecnologia, as estratégias para alcançar o usuário terão de ser revistas drasticamente.

O marketing é definido como a execução das atividades que conduzem o fluxo de mercadorias e serviços do produtor aos consumidores finais. Envolve pesquisa de mercado, fixação de preços, publicidade e promoção de vendas. A finalidade do marketing é criar valor e satisfação no cliente, gerindo relacionamentos lucrativos para ambas as partes.

Porém, a maneira tradicional como o marketing vem sendo feito até agora terá de ser revista, pois poderá se tornar envelhecida e ineficiente, caso não acompanhe a revolução social e tecnológica que está acontecendo hoje em dia.

Neste cenário renovador, o cientista e conselheiro Sílvio Meira e a mestre em comunicação e consultora em marketing, Rosário Pompeia, identificaram alguns sinais importantes, os quais mostram que entramos em uma nova fase do marketing e que não é mais possível seguir a mesma receita de sempre.

Por isso, os especialistas lançaram um estudo que reúne as novas tendências chamado de Manifesto sobre o Marketing do Futuro. “Observamos que as teorias que aprendemos em relação ao marketing não estão dando conta de toda a revolução que estamos passando pela aceleração do digital. É preciso que tudo seja retestado, incorporando novos componentes, que não são apenas a inteligência artificial, mas a estratégia do marketing junto ao negócio. Precisamos ir além do combo de criação de conteúdos, anúncios e inbound”, assegura Rosário Pompeia.

Com o Manifesto, os criadores do documento provocam os profissionais e organizações sobre novas formas de se fazer marketing, mas também pretendem receber opiniões, críticas e sugestões para que possam aprimorá-lo e no final do ano lançar uma versão atualizada que incorpore as contribuições.

TENDÊNCIAS APONTADAS NO MANIFESTO

No curto prazo, o esforço de marketing ficará mais caro com a inclusão de tecnologias, dados e maiores investimentos de empresas. No médio prazo, os custos irão cair e os retornos irão aumentar. Além disso, a pressão regulatória e os custos vão impossibilitar certos tipos de ações específicas. Será preciso criar ecossistemas para ter resultados.

Não teremos influenciadores como hoje. As narrativas serão cocriadas por um conjunto de pessoas e iremos perder a noção de quem as criou. Os robôs e a inteligência artificial também estão aí para isso.

Não irá mais existir marketing de produto. À medida que todo produto se torna serviço, toda estratégia de marketing será pensada para e orientada por serviços.

O espaço físico ganha relevância e se torna cada vez mais, no marketing, o local mais efetivo para captação de muitos tipos de leads (futuros clientes).

O termo audiência cairá em desuso. O que será feito é medir as ações que as campanhas causaram e a ação correspondente.

MUNDO FIGITAL

Segundo os autores do manifesto, precisamos tratar o novo marketing como parte e imerso no mundo figital. Ou seja, criação de valor num ambiente sico, que está sendo habilitado e estendido pelo diGITal, os dois orquestrados no espaço sociAL, em tempo quase real. As campanhas já deveriam ser pensadas, estruturadas e executadas em três dimensões – física, social e digital- de modo complementar e não excludente.

“Demoramos muito para entender que digital não é apenas mais um canal, como aconteceu com a chegada da tv na época da era de ouro do rádio. A transformação digital muda as arquiteturas e estruturas do marketing, ao que deveria ter correspondido um novo modo de pensar a estratégia e o processo de execução do marketing, afirma Rosário Pompeia.

No mundo figital  tudo  é  muito  mais  veloz e o ambiente não é o mesmo, estável, por muito tempo. As dimensões digital e social do espaço são escritas em código e são reescritas continuamente, por todos os agentes que competem no mundo figital.

“Ainda por cima, a internet fez com que cada uma de nós se tornasse uma mídia; aí estão os influenciadores digitais para mostrar como isso aconteceu em escala. Em tal contexto, será que ainda temos certeza de que campanhas ou planos de marketing desenhadas com um ano de antecedência têm alguma chance de serem efetivas?”

“E saber para onde ir, em contextos que mudam tão rapidamente, demanda um entendimento de estratégia e, consequentemente, de estratégias de marketing”, questiona Rosana Pompeia.

De acordo com Sílvio Meira, construir o marketing do futuro exige mudanças estruturais nos departamentos de marketing das empresas. Ele demanda a criação de novas narrativas capazes de conectarem comunidades, tendo como pano de fundo uma troca significativa das antigas bases analógicas — ou analógicas digitalizadas — por um ambiente onde as pessoas estão no centro do negócio e  redefinem, a todo tempo, não só o negócio, mas o mercado.

“Por muito tempo o marketing foi passivo, se entregava um objeto para vender sem perguntar primeiro se as pessoas querem aquilo ou outra coisa completamente diferente. Hoje, as empresas que têm a melhor relação entre custo-benefício no mercado são as que possuem um modelo de negócio invertido, que primeiro monta uma comunidade e, a partir de poucos produtos e serviços muito básicos, tenta descobrir quais produtos e serviços aquela comunidade demanda. Isso é uma inversão do modelo padrão onde se cria um produto e tenta vender para alguém”, explica Silvio Meira.

Rosário Pompeia complementa a questão afirmando o que vai haver uma profunda mudança no planejamento de marketing. “Hoje utilizamos a ideia de público-alvo que se baseia em padrões, mas vamos passar a construir personas baseadas em hábitos. Não se pode mais fazer uma campanha massificada e que caiba para todo mundo. Estamos falando de microsegmentação. Eu não vou mais buscar atingir todos, o objetivo vai ser a comunidade com que eu quero me relacionar”, assegura.

MUDANÇAS ESTRUTURAIS

NÃO EXISTIRÃO MAIS PRODUTOS E SIM SERVIÇOS.

No entender dos autores do Manifesto sobre o Marketing do Futuro, estamos vivendo um processo de saída da revolução industrial, no qual o conceito de produto muda, misturando-se ao de serviços. Isso já está acontecendo de muitas maneiras e um exemplo são os clubes de assinaturas. O Brasil já tem a maior rede se assinaturas de vinho do mundo. Nesse sistema, a pessoa paga uma quantia mensal e recebe em troca garrafas de vinhos diferenciadas para degustação. Ou seja, não se trata de uma venda comercial pura, pois está atrelada a um tipo de serviço.

O mesmo acontece com as redes de telefonia móvel, que oferecem a venda de celulares aos clientes dos seus planos de serviços. E também com algumas concessionárias, que oferecem um sistema de assinaturas de uso de veículos. Não se trata de aluguel (leasing), mas de uma modalidade de uso de automóveis por assinatura, pois a pessoa  não se torna dona do veículo, mas terá sempre em mãos um carro zero quilômetros, trocado a cada seis meses.

OS INFLUENCIADORES PERDERÃO IMPORTÂNCIA     

Os influenciadores da Internet exercem hoje o papel de dar o seu testemunho sobre um produto ou serviço, prática que sempre existiu e é muito utilizada pelo marketing e pela propaganda. Uma opinião positiva de uma celebridade certamente conta pontos para o consumidor.

Porém a tendência é  a de que a opinião desses grandes influenciadores perca importância, dando lugar aos microinfluenciadores.

No marketing do futuro serão formadas comunidades e articulados ecossistemas de agentes interdependentes, em que serão pensads soluções para os problemas das pessoas, mesmo que estas desconheçam  essas necessidades.

O ESPAÇO FÍSICO VOLTA A GANHAR RELEVÂNCIA

Apesar do comércio online continuar crescendo e ganhando importância, o espaço físico voltará a ter grande importância na oferta de produtos e serviços. Segundo Silvio Meira, não faz sentido investir grandes quantias na construção de shopping centers, e depois usá-los para a entrega de produtos vendidos pela internet em market places.

O marketing será utilizado para atrair os clientes para os espaços físicos de todos os tamanhos, desde a pequena loja até os grandes centros comerciais.

“O ser humano é um animal gregário que gosta e necessita da companhia de outros seres humanos. Por isso, os espaços físicos ainda terão muita importância num futuro imediato”, garante Silvio Meira.

COMO BAIXAR O MANIFESTO

O Manifesto sobre o Marketing do Futuro, feito pelos especialistas em marketing Silvio Meira e Rosana Pompeia, pode ser baixado na íntegra no seguinte endereço: https://marketingdofuturo.org/#manifesto

Silvio Meira e Rosana Pompeia